sábado, 30 de outubro de 2010

Olha só pra você, ficou horrível sem mim

Eu não sei falar de amor. Na verdade, eu não sei falar de muitas coisas. Talvez tenha perdido algumas aulas, ou vivido poucas histórias, ou talvez meus pais tenham escondido de mim coisas que eu deveria aprender desde pequeno. Talvez minha timidez e meu medo de ouvir segredos tenha me privado de aprender a dissertar sobre coisas comuns na vida, tais como o amor, a amizade, o desejo, enfim. Não sei.
Não obstante toda a minha incapacidade, tenho enfatizado em meus textos algumas das piores estruturas poéticas que tu poderias ver em qualquer lugar. É que minhas antíteses levam consigo meus maiores sonhos, pautados na certeza de que aqui está sobrando um lugar quase sempre desocupado – o teu. É difícil pensar em você justamente porque se tornou comum não te ter aqui.
Minha prolixidade parece tomar conta de cada letra de cada palavra de casa frase aqui despejada, e muitas delas já não fazem o sentido que deveriam fazer, no fim. É que tu não sabes como é frio o lugar de onde vim. Não te passa pela cabeça que essas olheiras tão evidentes são, na verdade, das noites que passo perdendo meu tempo escrevendo e escrevendo coisas que você nem imagina que sejam tuas.
Mas mesmo assim vou escrevendo, e a cada dia vou aprendendo que a gente não consegue verbalizar muitas coisas, justamente por tratar-se de assuntos complicados demais – e o amor é, certamente, um deles. Então a gente diz: “amor é amor, simplesmente”.
Certamente, tenho aprendido que existem amores X, amores Y, e aqueles amores que são vários tipos de amores conjugados num só. Eu sinto todo esse tipo de amor.
Eu poderia descrever várias coisas, e algumas delas seriam bem mais fáceis do que encontrar explicações por todas essas horas vividas longe ti, mas não. Recuso-me a encontrar palavras que expressem coisas que eu queria dizer, mas não digo por medo. Não sei o que escrever quando quero falar de sentimentos tão diferentes como papel, pedra e tesoura.
Talvez eu deva escrever um dicionário e nomear todos os tipos de amor que sinto, entretanto, só eu vou entender o que todas essas palavras vão dizer e isso já me basta. Tu nunca vais entender o que se passa na minha cabeça, e pode ter certeza que não facilitarei as coisas.
Eu tentei te explicar sobre o amor, mas tu fizestes tuas escolhas, e elas não me agradaram nem um pouco, e olha só pra você: ficou horrível sem mim.

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Fazendo aqui uma pausa e supondo que o texto acabaria aqui, muito provavelmente você perguntaria: " Mas então não falas da liberdade de escrever?" ou algo assim do género, no qual eu respondiria " Se sois livre para escrever, escreve o que queres, além do mais que a opinião é tua, ora essa".