sábado, 13 de abril de 2013

Coloquei um piercing no nariz e minha vida mudou.

Mudou... mudou porque senti os olhares das pessoas sobre meu nariz e sobre mim. 

No começo eu nem estava acreditando que realmente poderia ter um piercing, sempre fui uma "Jovem Rebelde" mais nunca me expressei sobre isso, nada de piercings ou tatuagens, nunca desobedeço ordens dos meus pais, nem procuro ser contrária a suas ações, embora muitas vezes não concordasse e sempre discutisse sobre... (nunca recebi razão nas discussões, mais nunca cansei de verbalizar cada sentimento sentido). Antes omitir do que mentir. E embora eles confiassem em mim, sempre me conduziram com "rédias curtas" e eu sempre deixei que tudo fosse assim. Porque no fim das contas, eu sempre quis que tudo ficasse bem, e "enquanto eu viver à custas deles, tenho que respeitar suas ordens". Por vezes Repeito, por muitas vezes MEDO. Mais medo de que? Sempre pensei muito sobre várias coisas a esse respeito. Penso que se o amor de pai e mãe é um amor incondicional, eles deveriam me amar acima de qualquer coisa que eu tenha feito ou faço. E olhando pras coisas que estão acontecendo por aí, eu nem sou uma filha tão ruim.. nunca me droguei, nem nunca cheguei bêbada em casa, vomitando, ressacada, minha mãe nunca precisou se preocupar porque sua filha estava embriagada em uma festa, não tive filhos quando adolescente, não levo namorados pra dormir em casa, nunca me interessei por alguém do mesmo sexo que eu, não costumo mentir pra onde vou, com quem estou ou o que estou fazendo. Enfim... tenho meus muitos defeitos, mais sempre fui uma "boa filha" tão boa que o problema maior que eles já tenham implicado é da minha desorganização com minhas coisas (coisa boba, né? nem sei porque eles se preocupam com isso)
Bem... todo esse texto, apenas pra dizer que quando eu pensei que eu havia sido "liberada" pra "realizar um sonho" (ô grande sonho! #ironia) com a seguinte frase: "- Coloca! Vai ser a marca dos seus 21 anos..." Eu poderia "expressar a rebelde oprimida" contra os preconceitos da sociedade" Afinal um buraco no nariz com um brinco, não iria me desmerecer em absolutamente nada! 

Eis que o primeiro estágio é a corrida contra o tempo, planejei para que tudo ocorresse da melhor forma... li na internet sobre os pós e contras, se era muito doloroso ou não, falei com algumas pessoas, procurei um tatuador, vi as referências, preço, piercing.. marquei dia e hora. Tomei coragem e fui... (antes que teoricamente mainha mudasse de ideia) Dias 05/04 às 9:30. 
Nota sobre esse momento: Nervosa.. (mais com o que eu estava presta a fazer e o que eu ia assumir do que com a dor propriamente dita) Não dói. Meu nariz nunca foi muito bonito, mais o piercing ficou bem legal! Um pouco acima do que eu esperava, mais em um local adequado. O tatuador foi responsável, utilizou tudo descartável, me orientou sobre higienização e cuidados pós-piercing. Isso tudo me custou apenas R$20,00. 

Eis que começa o 2º estágio: "SER VISTA". Aaah como eu curtir explicar a todas as minha amigas como havia sido feito, que não era doloroso.. expressar minha Coragem (risos) "Fui lá e furei" !
Frases do tipo, e aí? ficou legal? ou Meu pai? ele nem sabe ainda.. mainha já deixou.. (estou "Imune") 
#doceilusão

Ser "descolada" e "moderna" foi massa..Mesmo quando encontrava alguém que não curtisse a ideia do uso de adornos, até quando eu resolvi contar em casa que eu já havia furado o piercing. E....
                   
                                                            A  CASA CAIU!

"Eu nunca falaria uma coisa dessas de verdade" "Você sabe a minha opinião e a de seu pai em relação a isso" "Primeiro você passa o carnaval aí, depois sai de casa escondida e agora fura um piercing" "Vou lavar minhas mãos a seu respeito" "Não lhe abençoou mais, enquanto você estiver com isso [isso!] no nariz!"

Que ela era radical eu sempre soube... mais vamos admitir que ela pegou um pouco pesado.

Foi a partir daí que começou o 3º estágio... O conflito. Eu comecei a pensar se um piercing no nariz tinha realmente alguma coisa haver comigo... ou se a vontade de ter um era mais pelo fato de não poder ter, do que realmente querer ter. 
Comecei a pensar que essa era a hora de finalmente eu me impor... e como meus pais que são eles teriam/deveriam que me aceitar e amar, ainda que não concordasse com minhas escolhas. Eles mais do que ninguém conhecem minha essência e meu caráter, e a essência e o caráter de uma pessoa não muda porque ela tem um piercing ou uma tatuagem, muda? Meu pai me colocou na corda bamba a referenciar polêmicas sobre o uso de piercing e do seu jeito, simples, coerente e calmo me faz vê que não estava feliz por ser contrariado, e o pior... sua preocupação maior não era realmente com isso, mais sim comigo, sobre o que eu estava construindo em cima disto.

 É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
Albert Einstein

  Não os culpo por isso. Eu também sou cheia de preconceitos... no meu próprio discurso sobre isso havia muito preconceito omitido. " - Se eu não furasse agora nessa época da minha vida (faculdade) eu não poderia usar  nunca mais na minha vida (mercado de trabalho). Então cadê aquela menina que queria mudar os olhos da sociedade se mostrando boa no que faz mesmo com um piercing no nariz? Sou uma rebelde sem causa, sem ideologia base, sem raízes nesse aspecto, sem luta e sem glória.

E o que me resta? Tirar a marca do diferente, do "acomum", do "modernismo decolado" E... voltar pra casa arrependida por ter contrariado a vontade dos seus pais. Ou manter e gerar uma polêmica, um conflito familiar, um caus. 

Há quatro anos atrás, quando comecei a alimentar esse blog (blog esse que tem me acompanhado por muito tempo, embora entre momentos de constate atualizações e longos esquecimentos) meu primeiro post, trazia uma colagem de um trecho de um texto, que já li inúmeras vezes, que eu gosto muito, e que me acompanha sempre, de Adriana falcão, "Mania de Explicação".. Nesse mesmo texto, há outro trecho que diz assim:

"Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa." 

Pois bem, se indecisão é isso mesmo, pois é bem assim que eu me sinto. Embora eu saiba o que eu vou fazer, não tenho certeza se é realmente o que eu quero. E re-lendo o texto, outros trechos me tocaram nesse momento.. como:

"Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco." (Rss!)

"Renúncia é um não que não queria ser ele." 

Eu renuncio a algo que nunca foi realmente meu, se é que isso pode ser entendido, pela paz e o bem familiar! Rss Não sei se isso vai resolver as coisas a longo prazo, porque uma hora ou outra minha vontade vai ter que prevalecer sobre as coisas, mais no momento eu enxergo que seja o melhor a fazer. Embora que eu vá empurrar um pouquinho toda essa história com a barriga, pra vê até onde ela possa ir. Afinal até pra tirar, eu tenho que esperar que cicatrize. ( E isso é uma ótima desculpa pra curtir mais um pouquinho essa minha fase tão passageira!)

Ps. Sinto falta da benção de Minha Mãe.  



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Fazendo aqui uma pausa e supondo que o texto acabaria aqui, muito provavelmente você perguntaria: " Mas então não falas da liberdade de escrever?" ou algo assim do género, no qual eu respondiria " Se sois livre para escrever, escreve o que queres, além do mais que a opinião é tua, ora essa".