segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Enleio II

Escrever!
Como eu amo escrever! Escrever talvez seja o que eu faço de melhor.
Quando escrevo tenho plena convicção que consigo ser inteiramente verdadeira.
As vezes, nem sempre original, por vezes muito dramática.. mais sempre verdadeira.

Tão verdadeira, que aqui é o único lugar no mundo em que consigo desabafar sem "enfadar" alguém com os meus devaneios.
Quase como uma criança escrevendo em seu diário, e crianças não mentem. Eu também não preciso mentir. Pelo menos, não aqui. Aqui eu desdobro pensamentos soltos, e faço reflexões profundas sobre as coisas acontecidas, que estão acontecendo e minhas perspectivas para o que possa acontecer.

Recentemente, escrevi aqui um história para organizar as ideias. De fato.. passar para o "papel" esclarece os fatos pois escrever me exige exercícios de memória fantásticos. Por exemplo, eu não lembrava que titulo eu havia dado para a primeira parte dessa "saga". O que acontece, é que eu não havia dado título algum. Não ainda.

Essa história me exige um jogo de cintura inenarrável, o situação é tão delicada que merece um título inexoravelmente criativo. Rss. Algo que consiga transmitir o que eu sinto! (É perturbador só vir uma palavra na minha cabeça: CONFUSÃO). Mas na otimista esperança que tudo acabe bem.. me recuso a nomear essa história assim. Ela irá continuar sem título, ainda, até que eu consiga definir um título adequado para "tal obra".

E é só aqui que eu consigo organizar as ideias, já estava agoniada para escrever. Se passaram exatos 21 dias desde que escrevi isto:

"Bom. Ele tá vindo amanhã. E eu tive a chance de ficar com o amigo dele hoje. E não fiz, embora tivesse pensando em fazer. E talvez farei. Ou não farei. Ou cairei fora. Ou perderei a graça."

Bem, ele veio.

Quis até que eu faltasse o inglês para espera-lo chegar, coisa que não fiz. Veio. E ter vindo já representava alguma coisa. Embora eu insistisse na ideia de nunca esperar nada dele. E mesmo já tendo furado várias vezes, inclusive comigo, ele veio. Ele tava aqui e ele queria me ver.
Seu amigo também estava aqui, também sairia conosco, e talvez também quisesse me ver.
Eu não estava lá. Ainda. Mas queria profundamente vê-los. Seria a segunda vez que estaríamos os três novamente. Só que dessa vez era diferente. Da primeira vez eu não os conhecia, foi algo repentino e passageiro. De repente eu conheci duas pessoas. Uma foi, e outra ficou. O que ficou, foi ele, ele que depois foi embora e sumiu. O que havia ido embora anteriormente, reapareceu e agora tinha acabado de me colocar nessa situação novamente. Aliás, nos colocar.

Até minha menstruação quis fazer parte desse momento. Antes de ir.. passei em casa. E depois de uma velha carona, com um velho amigo... eis-me que eu chego no lugar marcado. Totalmente atrasada, só pra constar, mais isso aumentava o êxtase daquele momento.

Duas mesas, seis lugares, uma cadeira vazia. Hoje eu consigo enxergar um verdadeiro presságio.
Um a minha frente, outro ao meu lado.
A disposição das cadeiras na mesa me permitia isso. Eu só havia uma opção para sentar. Eu não escolhi o lugar da mesa. Eu apenas sentei. E sentando eu estava na frente dele. E ao lado do outro.

Me recordo de ter chegado lá com a sensação de que aquele encontro seria memorável. E o melhor... eu estava completamente livre para viver aquela noite, de todas as possíveis formas que ela poderia desenrolar-se e enfim fazer a "minha escolha". Não existia carta marcada. Apenas interesses subjetivos. Todo e qualquer relacionamento é um jogo de interesse. Não deixa de ser. Eu só queria... bom! Eu não sei o que eu queria ou o que eu quero ainda. Mais naquela noite, eu queria escolher! Ou melhor, ser escolhida. Por aquele que fosse mais ousado e que chegasse chegando. Como se chega quando se quer alguma coisa. E eu queria que me quisesse. Quem não quer ser querida? "Oh, querida!"

No bar, até pela proximidade das cadeiras, foi inevitável não ficar "mais próxima" de quem estava ao meu lado, embora fosse intensamente interessante a troca de olhares com o que estava em minha frente. Torna-se até engraçado recordar que depois que saímos daquela bar, era bizarro andar com eles. Ao encontro de uma árvore, eu tinha sempre a difícil decisão de ir pela direita ou esquerda. Se ia pelo lado de um ou do outro. Com bastante nitidez recordo ter escolhido um lado de cada vez. Mas apesar do esforço mental, não recordo qual tenha sido primeiro.

Eis que um motivo fisiológico afastou um de perto de mim: o xixi! Rss.
E o outro não tinha tempo a perder, aproveitou o momento para perguntou de "nós". Pra mim ainda só havia eu e ele separado. Ele tinha muito o que me explicar desde que nos vimos pela ultima vez. Foram muitos dias de espera. E era totalmente compreensível que eu não o esperasse com uma festa. Mas ele estava disposto a mudar isso. Colou em mim. Colou no meu pé do ouvido. Colou até conseguir um beijo. E esse beijo foi a minha escolha. Beijando um, eu afastava de vez toda e qualquer chance que teria com o outro. E mesmo toda a cautela do mundo que eu queria ter tido naquela noite, eu beijei. Eu beijei como prova de que ele estava perdoado por todos os atropelos no percurso que permitiram que ele tivesse se ausentado por tanto tempo.

Beijar alguém em uma roda de amigos, é para obviamente esperar comentários e piadinha do tipo: "E esse namoro aí?" "Guarde o lugar de seu namorado.." "Será que seu namorado vai achar ruim de me ver dançando ctg?" Ele não é meu namorado. Dancei, como dançaria e danço. Sempre que tenho vontade. Mas nem sempre faço tudo que tenho vontade, embora tente, as vezes.

Fiquei com ele e foi bom. Aí o dia amanhecer e ele foi embora. E eu disse adeus, ao invés de até logo. Ninguém deve cometer o mesmo erro duas vezes. Ele disse que voltaria o quanto antes. E eu apenas não esperei nada dele. (Pelo menos eu não queria esperar).

Era quarta. A promessa era pra sexta..


to be continued...

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Fazendo aqui uma pausa e supondo que o texto acabaria aqui, muito provavelmente você perguntaria: " Mas então não falas da liberdade de escrever?" ou algo assim do género, no qual eu respondiria " Se sois livre para escrever, escreve o que queres, além do mais que a opinião é tua, ora essa".